Ártico

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Não é horóscopo chinês: saem a Era do Touro e do Dragão, entra a Era da Fênix


Não se engane: a atual crise não é nem uma recessão nem uma depressão, mas uma descontinuidade, daí a perplexidade dos estudiosos e a impotência de governos e empresas. É chegada a Era da Fênix (ave que renasce das cinzas), ou seja, ruptura nas formas de pensar e trabalhar que vêm se provando obsoletas. Como um paradigma funciona:  persiste durante longo tempo e num instante se rompe e implode o que está estabelecido, nos pegando desprevenidos, trazendo desafios inéditos e oportunidades.

A Era do Touro (ícone de Wall Street - 2000 a 2009), que entrou em colapso primeiro nos EUA, depois na Europa, é ilustrada por instituições financeiras e conglomerados industriais como Ford, GM, AIG, Citicorp e Lehmann Brothers. É o modelo neoliberal (single bottom line) de busca imediatista de lucros, visão egoísta e de curto prazo. A crise continua se alastrando, agora na União Européia, com a África totalmente abandonada à própria desgraça há tempos.

A Era do Dragão, quando emergiram os “tigres asiáticos” e os BRICs, trouxe planejamento de longo prazo turbinado por modelos de negócio e cadeias de valor tipo double bottom line – crescimento econômico acelerado e grande coesão social (muitas vezes nacionalismo exagerado, como China) – enfrentando passivos ambientais e restrição de recursos naturais.

Entra em cena a Economia Fênix, novo paradigma econômico pós-crise de 2008. Nome criado por John Elkington, pai do termo triple bottom line, que define o moderno conceito de sustentabilidade. Em parceria com a Skoll Foundation, mapeou 50 companhias (empreendedores, investidores e corporações) que estão liderando uma revolução de inovação, enfrentando os enormes desafios impostos por essa ruptura e desenhando os rumos desse novo paradigma.

Alguns exemplos, pra quem pensa que é utopia: 

GE com sua iniciativa Ecoimagination de energias renováveis; 

Google.org – a ONG do Google

GSK e sua redução radical dos preços de remédios para os países pobres; 

TNT e sua logística para ajuda em catástrofes e iniciativas de larga escala como reflorestamento na África; 

Better Place do empresário Shai Agassi, que desenvolve a rede de abastecimento para veículos elétricos; 

Grameen Group, fundado pelo Nobel de Economia Mohammed Yunus, que difundiu o microcrédito na Índia e inspirou iniciativas do Banco Real e Unibanco;

Arup, o escritório de design, arquitetos e planejadores de eco-cidades como Dongtan e Xangai; 

A microempresa Apopo, com sua tecnologia de ratos farejadores de minas terrestres;  

Water.Org, ONG do ator Matt Damon que financia poços artesianos e a Pure da P&G, que distribui purificadores de água na África, onde a desertificação é calamitosa.

A eles somam-se ONGs, parcerias público-privadas para incubar empresas, organizar cooperativas desde catadores de lixo/reciclagem até trabalhadores informais (geração de emprego e renda), ou empresas desenvolvedoras de tecnologias sociais e metodologias que dão conta de processos de gestão sustentáveis e certificações globais confiáveis e até movimentos como o Projeto Gota D'Água de artistas contra a hidrelétrica de Belo Monte.

Para ver a lista completa e os exemplos fantásticos das iniciativas, entre em www.volans.com e também visite o site do forum de inovação TED Global e de seus eventos regionais, com muitos videocasts das palestras. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

[SOCIAL] Espírito natalino não é comprar, é compartilhar

Você sabia que U$ 25 alimentam uma criança por 6 meses na África, onde a seca e a fome continuam implacáveis?  A LG Electronics vai dobrar o que vc doar ao World Food Programme da ONU. Eu acabo de doar U$ 35. Entre no link munido do seu cartão de crédito, é super fácil !

https://www.wfp.org/donate/ethiopia-lgC?utm_source=ethiopia-match&utm_medium=email&utm_campaign=ethiopia-match-donors-d1  



O programa ainda dá suporte de atendimento médico e capacitação para proporcionar renda e uma verdadeira possibilidade de transformar a vida dessas pessoas que vivem de um modo que nem podemos imaginar, totalmente sub-humano e indigno.

Vamos repensar em 2012 o nosso estilo de vida e tentar simplificar um pouco as coisas?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

PRÊMIO FORD DE SUSTENTABILIDADE - evento grátis

Dia 05 de dezembro (prox 2a.feira) a Ford realizará o 1º Seminário Ford de Sustentabilidade , a partir das 14h no MAM/São Paulo, que vai ao encontro da estratégia global da montadora - ter a Sustentabilidade como um dos seus pilares.  Como parte do evento, haverá a cerimônia de entrega do 16º Prêmio Ford de Conservação Ambiental, considerado um dos reconhecimentos mais importantes da área no país.


Confira abaixo a programação de temas e palestrantes do Seminário:

14h00 – Abertura Oficial
14h10 – “A Estratégia de Sustentabilidade da Ford” - John Vieira, diretor global de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Segurança da Ford
14h50 – Palestra - Luiz Machado, coordenador nacional do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da ILO (International Labor Organization)
15h30 – Coffee Break
15h50 – “Materiais Alternativos” - Ricardo Muneratto, gerente de engenharia avançada da Ford
16h30 – “Logística Reversa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos” - Luiz Henrique Lopes Vilas, da Ouro Verde Negócios Sustentáveis
17h10 – Cerimônia “16º prêmio Ford de Conservação Ambiental”
19h00 - Coquetel

A inscrição para participar do seminário é gratuita e pode ser feita por meio do email premioford@bm.com. No entanto, as vagas são limitadas.

Sobre o Prêmio

O prêmio é promovido no Brasil desde 1996 e seu objetivo é incentivar o desenvolvimento de iniciativas inovadoras e exemplares e divulgar o trabalho de personalidades e entidades que se dedicam a promover a consciência ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais do país.

Em 2011, a premiação vai distribuir R$ 100 mil aos melhores trabalhos de proteção da natureza e da biodiversidade realizados no Brasil. A iniciativa possui sete categorias: Conquista Individual, Negócios em Conservação, Ciência e Formação de Recursos Humanos, Meio Ambiente nas Escolas, Fornecedor e Distribuidor (subdividida em Automóveis e Caminhões).

(*) MAM – Museu de Arte Moderna – Parque do Ibirapuera – Portão 3 – São Paulo (SP)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Entendendo a polêmica de Belo Monte

Esta semana as redes sociais ficaram inundadas de ativismo de um grupo de artistas de TV com filme e petição contra a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará (http://wwwmovimentogotadagua.com.br). Criticados como mal informados e catastrofistas por uns, elogiados por outros. Mas qual a verdade, afinal?



Bom, 40% da energia mundial é baseada em carvão. No Brasil temos a sorte de poder contar com uma energia mais "limpa", a hídrica, maior potencial do mundo. Embora 80% de nossa eletricidade venha dessa fonte, só usamos 30% do potencial, cuja metade está na Amazônia. Daí o projeto do governo de construir 28 usinas até 2017, sendo 15 na bacia amazônica (entre elas Belo Monte - 11mil megawatts) e 13 na Tocantins/Araguaia (já iniciadas Santo Antonio e Jirau - 6.400 megawatts).



O setor industrial consome 30% da energia produzida no país, e esse é visto como nosso gargalo: mais crescimento, mais demanda energética. Sem dúvida as empresas precisam perseguir um modelo de consumo de energia mais eficiente, o que não é fácil nem rápido. Da geração de Belo Monte, só 10% são destinados à indústria, o resto irá para o consumidor, e sua produção já está toda pré-vendida. A Eletrobras arca com 50% do investimento, e os demais acionistas investiram R$ 500 milhões. O projeto foi redimensionado para ser o menos ambientalmente agressivo, e ainda assim o megawatt/h vai custar R$ 78,00 contra R$ 140,00 da energia termoelétrica ou eólica.

Então onde está o problema? Bem, ao diminuir a área alagada (ou seja, a captação de chuvas e de rios), mais da metade do ano a planta será improdutiva. Decisão por conta da usina de Balbina, que transformou uma enorme planície em um cemitério de floresta que emite 10 vezes mais gás de efeito estufa (metano) que uma termoelétrica e só produz míseros 240 megawatts. Outro problema é que 360 pessoas em 11 municípios predominantemente indígenas do Rio Xingu serão desalojadas e enfrentarão um bioma afetado (peixes, nível dos rios - leia-se enchentes - incluindo a vazão dos afluentes). Toda usina traz, ainda, uma população de fora (os trabalhadores) que incharão municípios praticamente sem infraestrutura, gerando desagregação social e cultural, violência e prostituição. A ênfase na proteção da cultura indígena não é desprezível, apesar dos números desfavoráveis (360 "gatos-pingados" contra 120 milhões de brasileiros).

Os gestores do projeto e governantes garantem que Belo Monte leva em conta os efeitos sociais e ambientais, e os mitigou até o limite máximo da viabilidade financeira da usina. Ainda assim ela será eficiente, já está com sua produção pré-vendida, vai custar mais caro para os investidores e mais barato para os consumidores. Como já vimos este filme muitas vezes, é de se ficar cabreiro. Uma das razões atribuídas pelo próprio Itaú para ganhar o título de banco mais sustentável do mundo é ter declinado de investir em Belo Monte. Como a lei de crimes ambientais brasileira co-responsabiliza o investidor nas multas, indenizações e custos de recuperação de áreas degradadas dos projetos financiados, e o Itaú tem 2 empresas do grupo listadas no DJSI (carteira sustentável da Bolsa de NY), é de se imaginar que os economistas e analistas do banco estejam fazendo gestão de risco - afinal onde já se viu banqueiro perdendo dinheiro?

Assim, cabe a você pesar prós e contras antes de decidir. Eu sou pelo princípio da precaução e acredito em usar a inventividade para buscar soluções melhores (eólica, solar), daí assinei a petição. Outros seguem a linha do desenvolvimentismo e preferem acreditar na boa fé e expertise dos planejadores e gestores de Belo Monte. Fica na mesa do boteco e na tela do computador a discussão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Museu do Inhotim: deslumbrante "viagem" para os seis sentidos

Galeria Adriana Varejão (arq. Rodrigo Cerviño Lopez)
Parafraseando o jornalista Ricardo Freire: trata-se da melhor viagem que você nunca fez. Você já leu a respeito, ouviu dos amigos, viu entrevista na TV, chega com a mais alta das expectativas mas ainda assim vai sair deslumbrado. É o que acontece com todo mundo. E é uma vergonha o quão pouco nós valorizamos um empreendimento sem paralelo no mundo, uma utopia do empresário Bernardo Paz que está dando certo ! Tudo é superlativo por lá: investimento inicial de US$ 250 milhões de próprio bolso, 500 ítens de 97 artistas no acervo, 200 mil visitantes/ano, 700 funcionários predominantemente da comunidade local, R$ 22 milhões/ano em despesas de manutenção e projetos socioambientais, 18 galerias, 24 obras espalhadas ao redor de 5 lagos, 4500 espécies vegetais formando a maior coleção viva do Brasil e a de palmeiras do mundo.
Magic Square #5 (Hélio Oiticica)

O lugar é quase indescritível, porque cada um vai vivenciá-lo à sua maneira. A experiência acontece em várias camadas: visual - a beleza e os detalhes do paisagismo de Burle Marx, das obras artísticas e da arquitetura criativa e arrojada das galerias e pavilhões; os caminhos propositalmente tortuosos e orgânicos, para que cada um construa sua rota pessoal, sem nada pré-determinado; os recantos escondidos para descanso ou que descortinam uma obra que o olho não percebeu; olfativa - os aromas inebriantes ora de eucalipto, ora de lírios, de mata molhada ou de alguma comida sendo preparada; as "obras sonoras"- sinfonias e cacofonias de 15 a 30 minutos às quais é preciso permitir tempo para fruir, numa altíssima qualidade de som; tátil - as variadas texturas de plantas, gramados e instalações que se pode tocar e percorrer por dentro, como andar sobre estilhaços de vidro ou descalço em carpetes felpudos, mergulhar em piscinas ou pular em blocos de espuma; gustativa - bons restaurantes e lanchonetes com comida bem feita que vai da pizza e do cachorro quente aos pratos gourmets.

Recanto:  3 camadas horizontais de plantas espetadas por palmeiras
Inhotim também joga o visitante numa experiência metafísica: é preciso entrar de mente aberta para questionar o próprio conceito do que é ou não arte. Obras que à primeira vista parecem bobagens são ressignificadas quando se lê na ficha técnica a intenção do artista por trás da criação, ou se assiste o filme do making of. Tudo faz sentido, e a curadoria tem clara orientação para uma arte engajada com temática social, política e ambiental. Por exemplo, o filme De Lama Lâmina mostra uma performance perturbadora do artista Matthew Barney com o músico Arto Lindsay em Salvador, cujos elementos foram trazidos para exposição permanente num pavilhão feito sob medida.
Performance De Lama Lâmina em Salvador

Ou a poderosa escultura Beam Drop com vigas de ferro gigantes atiradas numa piscina de concreto fresco por um guindaste 45m acima (filme no YouTube).

Beam Drop de Chris Burden

Os caminhos não-lineares são feitos para "quebrar" os pré-conceitos, e de repente o olho ficou mais afiado, começa a reparar nos detalhes naturais ou artificiais à sua volta, o visitante é jogado num outro nível de consciência onde começa a querer interagir com o espaço e produzir arte. Seja no enquadramento das fotos, seja em "viagens" mentais de como o lugar se prestaria para uma performance, plantar vasinhos de tempero e flor, abraçar uma árvore ou sentar-se num dos vários bancos de troncos majestosos para contemplar a paisagem e ouvir a sinfonia de pássaros e o apito da Maria Fumaça ao longe. Muito doido, mas fato facilmente verificável, seja observando os demais turistas, seja fuçando as milhares de fotos postadas na web pelos visitantes.

Já estava me achando o próprio Pollock dos trópicos

Inhotim é a prova viva de que a arte é uma linguagem universal. Gente de todas as classes sociais, nacionalidades, grupos de amigos, excursões ou famílias, todo mundo fazendo sua "viagem". E de que se pode sonhar. Estão a caminho nos próximos três anos mais galerias e pavilhões que irão dobrar o número de obras do acervo, uma pousada-boutique e um centro de convenções. Os imóveis em Brumadinho já se valorizaram 300% desde o surgimento do museu, transformado em OSCIP (Organização Sócio-Cultural de Interesse Público), facilitando a captação de recursos externos.

Para visitar a infra atual, reserve 2 dias. Futuramente, só Deus sabe: talvez comecem a vender passes de múltiplos dias. Melhor investimento: por mais R$ 10,00 você tem direito ao transporte interno em carrinho elétrico para as maiores (e demoradas) distâncias. Tudo a 70km de Belo Horizonte. Está na hora de fazer essa viagem. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Amor ao Planeta: Amor ao Planeta agora no Facebook

Amor ao Planeta: Amor ao Planeta agora no Facebook

Amor ao Planeta agora no Facebook

Venha "Curtir" a página do Amor ao Planeta no Facebook. Tudo de interessante que recebo mas não dá tempo de postar no blog eu compartilho no perfil. Assim fica mais fácil ler rapidinho as manchetes e resumos, mandar para amigos e manter-se por dentro do que há de mais atual em sustentabilidade, comunicação digital e reputação corporativa.


Espero vc por lá ! Divulgue, porque só a educação e a informação poderão transformar o mundo num lugar melhor pra nós e nossos filhos viverem.

[DIGITAL] Oportunidade de saber + sobre Comunicação Digital


Divulgue por aí e, se puder, compareça. No próximo dia 24/novembro estarei em SP participando de um workshop que debaterá a Comunicação no Mundo Digital promovido pela Tamer Conhecimento. A idéia foi juntar diversos especialistas em mídias sociais, reputação corporativa, gestão de marcas e comunicação digital para debater planejamento, engajamento, gerenciamento de crises (este será o meu tema) e branding nesse novo ambiente desafiador.

Terei como colegas de workshop nomes importantes do mercado - como Pyr Marcondes (M&M), Débora Fortes (Época Negócios), Clayton Melo (Isto É Dinheiro), Marcos Hiller e Liliane Ferrari (Trevisan), blogueiros e consultores em mídia digital.

Programa

08h - Welcome Coffee
Abertura
A Importância do Planejamento de Comunicação Integrado
Parte I – Dados que você precisa conhecer
Universo Digital: Onde estamos e para onde vamos?
O papel do RP no Mundo Digital
A Nova Palavra de Ordem: Engajamento
Networking Coffee
Parte II – Palavra de quem vive o tema na prática
Debate - O Impacto das Mídias Sociais na Comunicação
Almoço
Parte III – Gestão de Crises Online
Gestão de Crises - Conceitos
Crises nas Mídias Sociais
O Que Fazer?
Debate
Networking Coffee
Parte IV – Branding
Gestão de Marcas nas Mídias Sociais
Gestão de Branding no Mundo Digital
Debate
Encerramento

Local: Auditório da ABAC na R. Avanhandava, 126 / 1º andar, Centro, São Paulo.


Mais informações em http://www.tamerconhecimento.com.br/mail/001_20111107/001_20111107.html
 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

[ECO] Consumidor está valorizando mesmo as eco-moradias?

Até que ponto as construções sustentáveis vão "pegar" no mercado? Coincidentemente, no dia em que almocei com Romeo Bussarelo em SP (Dir.Marketing da premiada/admirada Tecnisa), o Estadão publicou que o Brasil é o 4o país com mais prédios sustentáveis. Mas nem tudo é tão simples assim, como ele me explicou.

Pense: quantos prédios têm intrínsecos processos de economia de água e energia, eco-materiais, coleta seletiva de lixo, iluminação ou regulação térmica naturais? As construtoras precisam urgentemente  matricular esse assunto de forma mais contundente nos seus empreendimentos. Cyrela, Gafisa, Brooksfield e congêneres até por demanda legal atuam bastante nos canteiros de obra (uso da água, reciclagem de entulho, alfabetização dos operários) mas deixam muito a desejar na "inteligência" dos projetos de engenharia/arquitetura. Ando envolvida com o projeto Barra Sustentável (www.sheraton-barra.com.br/barrasustentável ), por conta da imensa expansão imobiliária da região que tornou-se a fronteira de crescimento do Rio. Moro num empreendimento da Cyrela inaugurado em 2010 no eco-bairro da Península (mérito da C.Hosken) e nem coleta seletiva temos. Dia de chuva e o sistema de irrigação dos jardins aciona automaticamente e jorra água pra tudo que é lado... Horário de verão e o sistema automático liga as luzes da piscina...

A verdade é que o consumidor final tem dificuldade de tangibilizar os ganhos futuros que terá com dispositivos sustentáveis, que chegam a encarecer até 2,5% o valor do imóvel. Prefere pagar menos porque não enxerga as economias que serão geradas na cota de condomínio a médio prazo. Dos 28 prédios verdes (LEED) mencionados no artigo do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,brasil-e-o-4-pais-com-mais-predios-sustentaveis-,793127,0.htm), a maioria absoluta é comercial*, não residencial. O controller das empresas calcula facilmente na ponta do lápis os ganhos de energia, água e marketing social corporativo. Daí o dilema das incorporadoras: investir num monte de dispositivos que podem aumentar o custo em até 10% (descargas econômicas, materiais reciclados, captação de água, vidros isotérmicos, elevadores inteligentes) e perder clientela no competitivo mercado residencial? Um dilema a ser contornado por meio da criação de softwares confiáveis que consigam calcular/tangibilizar os ganhos futuros, um marketing ambiental mais agressivo em parceria com fornecedores de materiais de construção e leis que tornem obrigatórios ou desonerem tributariamente esses dispositivos.

(*) WTorre Nações Unidas, WTorre JK, Rochaverá Corporate Offices, Pão de Açúcar Vila Clementino, Hospital Albert Einstein, Edifício Jatobá, Eldorado Business Tower. Na foto, o Eco-Berrini.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

[DIGITAL] O perigo dos boatos na web

Hoje recebi um email que me deixou horrorizada: dizia que o peixe Panga (ou Gato), comercializado fresco ou congelado por várias indústrias no Brasil e importado do Vietnã (Delta do Mekong) estava cheio de vermes, antibióticos, hormônios humanos e metais pesados - uma versão aquática da "vaca louca". Achei surreal que, sendo exportado para 240 países e havendo um Ministério da Pesca e a Anvisa, tal produto do mal pudesse estar no mercado brasileiro... e fui checar na web.

Trata-se de mais um "hoax" (boato) como tantos que já circularam na rede. O Panga foi difamado em Portugal e também por aqui. O pior é que recebemos essas calúnias por email e, sem tempo para conferir, repassamos. Não me perguntem se é internauta com falta do que fazer ou concorrente mal intencionado, mas o fato é que saem prejudicadas várias empresas, o consumidor e uma categoria inteira de produto.

O Panga assemelha-se ao linguado (muitos restaurantes vendem gato por lebre) e tem características que agradam o consumidor brasileiro: textura firme, cor branca, sabor suave e sem espinhas. É versátil, permitindo vários tipos de preparo, com um ótimo custo-benefício, por conta das técnicas avançadas de criação e processamento utilizadas pelo Vietnã. Um monte de sites de aquicultura e biólogos na web garantem sua qualidade. Portanto, coma sem medo.

Medo mesmo você tem que ficar das coisas que lê na internet. Nunca - mesmo - passe adiante algo sem conferir antes num simples "google". E para as empresas, o conselho já dado em posts anteriores: monitoramento constante ! Tem que desmentir rápido antes que a bola de neve cresça, por todos os meios disponíveis: assessoria de imprensa (mídia de massa), sites e blogs especializados, redes sociais e email marketing.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sabe os sistemas de alerta de tsunami e terremoto? Pois bem, parece que falharam no caso do Marketing. A maioria dos profissionais ainda está alheio às ondas de mudança gigantes que já podem ser avistadas na linha do horizonte - e que transformam radicalmente o jeito que precisarão trabalhar seus mix Produto-Preço-Praça-Promo.

A primeira é a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em julho/2011, que obriga as empresas, entre outras coisas, a fazer logística reversa, ou seja, assumir a operação e os custos do descarte e reciclagem dos seus produtos e embalagens. No Japão existem mais de 250 categorias submetidas a esse tipo de lei, que no Brasil vigorava até então para pneus, lâmpadas fluorescentes, óleos lubrificantes, agrotóxicos, pilhas e baterias. Juntaram-se à lista as embalagens de linha branca e marrom (eletroeletrônicos como TVs e audio), que caíram no colo dos varejistas. Os que entregam na casa do cliente são obrigados a trazer de volta as embalagens. Veja o problema: o grupo catarinense Angeloni treinou funcionários para recolher papelão e isopor. Depois de muito pesquisar achou UMA empresa, a Termobloco de Tubarão/ES, disposta a aceitar "sem cobrar nada" o isopor descartado, que é matéria-prima para seus tijolos com isolamento térmico, veja você! A Arno já trocou o berço de sua cafeteira Dolce Gusto por cartonado pré-moldado, livrando-se da dor de cabeça.

Com monitores de computador e lajotas de porcelanato a coisa complica: existem só 3 empresas no Brasil (2 sem certificação) para processar o chumbo utilizado.  Ainda piora: apenas 6 usinas no mundo reciclam placas (HD, processadores, placa-mãe) em ponto de fusão. O ouro é aproveitado, e pasme, isso sai mais barato que minerar.

Outra novidade é a inclusão nas normas do CONAR de regras para utilização nas propagandas de termos da moda, como sustentabilidade ou ecológico, obrigando sua comprovação por metodologia científica confiável. Na Europa isto já existe há anos, evitando a prática do greenwash (ou fraude verde).

Os reflexos para os gestores de marketing são a necessidade de inovação radical na fase de P&D, com uso de materiais reciclados/recicláveis, estruturas reconfiguráveis, refil, embalagens mais simples e reaproveitáveis, eliminação de compostos eco-inamistosos, negociação de parcerias com varejistas e empresas de reciclagem (um mercado que deverá se desenvolver muito nos próximos anos, a exemplo do que ocorreu com Pet e Alumínio); durante a fase de produção, o monitoramento de toda a cadeia de suprimentos (seja terceirizada ou quarteirizada), evitando o que ocorreu com a Zara, acusada de utilizar mão-de-obra escrava com grandes prejuízos para a marca; na fase de divulgação preocupar-se com a responsabilidade sócioambiental e a ética dos argumentos/abordagens usados e dos materiais empregados - desde a cartucharia até os impressos (folhetos, folders, displays etc); na distribuição, alinhar os parceiros e estudar logística com baixo impacto de emissões de CO2 e melhor aproveitamento de carretas e containers por meio de redução no tamanho das embalagens e concentração das fórmulas. Veja o caso do Band Aid (J&J): reduziram 90 containers/ano só pelo reaproveitamento das aparas do papel siliconado das bandagens por uma recicladora em Recife. Ou do amaciante de roupas Comfort, que por demanda de um projeto do Walmart "encolheu" seu frasco e concentrou o produto gerando menor uso de água na fabricação e plástico no frasco (ganhos no transporte e descarte). 

Está claro que todas essas etapas terão reflexos nos custos e margens, que precisarão ser estudados. Não adianta pensar que o consumidor vai absorver, porque seu orçamento não é elástico. Sustentabilidade é, acima de tudo, sinônimo de inovação e o desafio de mudar modelos mentais.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

[DIGITAL] Redes sociais mais efetivas que Procon

Tenho repetido isso em minhas aulas: as redes sociais empoderaram os cidadãos e ONGs, portanto - Empresas, monitorem! Consumidores, utilizem!



Hoje leva de 5 min e 2 h para responderem reclamação vinda do Twitter (e a solução do problema 24h). No Procon, no mínimo, 1 mês, de acordo com um levantamento da Folha de SP. Segundo o Estadão.com ele é 8,4 mil vezes mais eficaz do que o órgão.  Facebook tem um índice de eficiência até 1,4 mil vezes maior que o Procon, com resposta de 30 min a 6 h (solução tb em até 24h). 

feedback dos chats nos sites corporativos leva em média 5 dias úteis e a resposta mais 5. Idem os SACs. No Procon, a espera por uma solução não tem prazo certo. 

Se acrescentarmos YouTube Linkedin à equação, o estrago reputacional será grande. A característica desse ambiente é o crescimento exponencial da divulgação e caminhos pulverizados e não rastreáveis para um "desmentido", se for o caso. O filme emblemático do consumidor irado com a Brastemp, que por 3 meses não trocava sua geladeira defeituosa, rendeu 20mil acessos só na primeira hora no YouTube. Eu mesma tive a chance de testar: um split comprado na Consul, que ainda na garantia deu defeito duas vezes e me rendeu 7 visitas de técnicos sem solução, foi rapidamente trocado por modelo superior quando espalhei a reclamação no Twitter, YouTube (deixando comentários em todos os filmes que encontrei no site referentes à marca), registrando o caso no site Reclame Aqui, postando esse link no Facebook, Twitter e Linkedin e pedindo aos meus contatos que passassem adiante, dizendo "amanhã pode ser vc".

Deu certo: em 24h a Consul começou a me seguir no Twitter e em mais 24h a ouvidoria da Whirlpool fez contato via fone comprometendo a solução da troca, feita 15 dias depois.

Relatos colhidos de alunos têm indicado o mesmo nível de sucesso nas iniciativas via rede, com bancos, TV a cabo etc. É só investir uma manhã e voilà, se a empresa tem alguma noção de perigo e apreço pelo seu brand equity, age rápido. Tente e verá. Se estiver do outro lado do balcão, seja um gestor antenado: monitore, crie processos internos e não deixe a coisa tomar proporções irrecuperáveis.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

[JOB] Empregos na área de Sustentabilidade da UNIMED/RJ

A UNIMED RIO está para inaugurar um sofisticado hospital na Barra da Tijuca/RJ, e oferece 2 vagas - interessados devem encaminhar CV para sustentabilidade@unimedrio.com.br.

1. Estagiário de Sustentabilidade

Formação: Economia / Administração / Engenharia de Produção - a partir do 4º período

Atividades: Apoio na operacionalização dos sistemas de gestão voltados à Sustentabilidade, coleta de indicadores e produção de relatórios, acompanhamento de projetos com foco no investimento social privado da Unimed-Rio.

Competências Técnicas: Interesse a afinidade com os temas de Sustentabilidade, capacidade de análise, argumentação e raciocínio lógico, boa redação e fluência verbal

Competências Comportamentais: Bom relacionamento interpessoal, organização, pro atividade, dinamismo e iniciativa.


2. Analista Junior de Sustentabilidade

Formação: Economia / Administração / Engenharia de Produção

Atividades: Elaborar projetos e ações de baixa complexidade relacionados à sustentabilidade e prestar suporte aos projetos demais realizados pela área; participar de diagnóstico, análise e manutenção de sistema de gestão e indicadores de sustentabilidade.

Competências Técnicas: Conhecimento de ferramentas de gestão da sustentabilidade (GRI, Ethos, BS etc); Metodologia de elaboração de projetos e diagnósticos; Redação; Noções dos segmentos de serviços, saúde suplementar ou hospitalar serão considerados diferenciais.

Competências Comportamentais: Relacionamento interpessoal, Visão sistêmica, Raciocínio lógico, Organização Capacidade de negociação e influência.

terça-feira, 19 de abril de 2011

[JOB] Emprego no setor de construções sustentáveis

RECEBI E DIVULGO:
A Casa do Futuro, empresa especializada em consultoria para construções sustentáveis, contrata arquiteto(a) ou engenheiro(a). É necessário fluência em inglês e interesse em trabalhar com consultoria em sustentabilidade. Favor encaminhar currículos para rosana@casadofuturo.com

Se você ainda não está cadastrado no ALUMNI, pode se cadastrar agora no endereço: http://www.mestrado-sg.com.br/Alumni/tabid/262/Default.aspx

(Anunciado no Portal Alumni - Coordenação Alumini Sistemas de Gestão/ LATEC UFF - Mestrado em Sistemas de Gestão - Universidade Federal Fluminense)
Tels.: 2629-5612 /2629-5615 / 2717-6390 -fax
www.mestrado-sg.uff.br

sexta-feira, 15 de abril de 2011

[SOCIAL] A Geração Y e a bomba-relógio empresarial


Como sabem, o assunto do blog é Reputação Corporativa (branding) apostando na Sustentabilidade e na comunicação digital. Já queria publicar sobre tema que deve incomodar a todos: o jeito cada dia mais desrespeitoso com que nós consumidores somos tratados pelas empresas em geral.

Montar apartamento novo em 2010 me proporcionou muitos exemplos, fora os contados pelos amigos. Todeschini (não mandava montadores, a cozinha despencou e amarelou, demorou a entregar peças e algumas nem eram minhas), NET (inventou 3 planos e 2 modems numa casa com apenas 1 TV, cobrando em deb.automático!), Consul (split na garantia que pifou e depois de 1 mês dormindo no qto hóspedes e brigando para consertar/reinstalar, o conserto durou... 1 dia!), RJZCyrela (mil pendências de construção, pista de boliche empenada, garagem infiltrada, elevadores enguiçados, cinema inoperante, conflitos de interesse do Síndico que é funcionário da empresa), Dell'Anno (em 7 meses porta do armário já empenou - daí trocaram todas, não apenas a ruim, e abandonaram comigo várias peças perfeitas de MDF).

Quem já não passou por coisas semelhantes? Recentemente um cliente irado da Brastemp publicou no YouTube filme reclamando de 3 meses sem geladeira e sem solução. Na primeira hora foram 20 mil acessos; no mesmo dia recebi via Facebook e email.

Me assombra o nível de desperdício de mão-de-obra e materiais. Como essas empresas podem ser lucrativas? Faltam processos, pegam serviço acima da capacidade, que como é mal executado gera retrabalho, roubando agenda para dar conta do serviço novo vendido. Um círculo vicioso onde o único prejudicado é o cliente. Que espera, que se irrita, que por vezes fala com call centers terceirizados sem autoridade, que fica privado do usufruto daquilo pelo qual pagou.

De onde vêm os processos? De gestores capacitados em desenhá-los. E onde estão esses profissionais? Bem, a julgar pelo nível de respostas que encontro em provas de pós-graduação dos cursos onde leciono (a elite cultural do país), estamos em cima de uma bomba-relógio. Falha no ensino fundamental o exercício da capacidade de interpretar, correlacionar e fazer raciocínio abstrato. A Geração Y (digital) se expressa em meia dúzia de linhas ou 140 caracteres, como um post de blog ou twitter. Se acha cheia de direitos e não enxerga suas proprias limitações. Recentemente um aluno em Sta.Catarina relatava que desistiu de contratá-los em sua firma pela falta de foco, de comprometimento, a pressa em serem promovidos sem fornecer à altura, tanto que adotaram a política de doravante só contratarem PHDs (Pobres Humildes e Dedicados) e treiná-los na empresa.

Portanto, juntando uma atitude imediatista e arrogante com a falta de base educacional (veja, ter informação não significa ter conhecimento nem capacidade crítica), estamos diante de uma iminente falência do sistema empresarial. Produtos que desmontarão, explodirão, finanças que nunca fecham por conta de desperdícios de materiais e esforço humano, falta de tempo para cobrir tantos retrabalhos, clientes frustrados e desrespeitados. Que agora ganharam meios digitais de guerrilha, como rapidamente arrasar a reputação da empresa via mídias sociais, blogs,sites de reclamação e paródias no YouTube. Como eu disse, uma bomba-relógio.

terça-feira, 12 de abril de 2011

[PLANETA] Água é coisa mais séria do que você imagina



Muito bom o documentário SUMMIT ON THE SUMMIT, escalada ao Kilimanjaro para chamar atenção ao problema de falta de água limpa que assola a África, onde os artistas Emile Hirsh, Jessica Biel, Kenna, mais Alexandra Cousteau, encaram 8 dias de uma jornada duríssima, reportada em video, twitter e blog. Veja na MTV em http://www.mtv.com/videos/summit-on-the-summit/1633903/playlist.jhtml#series=2211&seriesId=30030&channelId=1. Eles tb tem perfil no Facebook.

A desertificação é um dos problemas centrais das mudanças climáticas e a falta de água limpa causa cólera e doenças graves nas populações africanas e indianas, que viajam horas para achar qualquer fonte de água, muitas vezes contaminada de fezes de animais e detritos. Com tantos rios, lagos e aquíferos, nós aqui no Brasil não temos noção da gravidade do problema.



O ‎Water.org é a ONG criada pelo ator Matt Damon, que reverte 100% da venda de uma bela garrafinha para a causa, além de dar microcrédito para iniciativas em 14 países. Veja a entrevista em http://saveone.net/filter/Water.org#959575/Ensuring-the-Right-to-Clean-Water-One-Bottle-at-a-Time-Matt-Damon.



A AMBEV criou em parceria com a Sabesp o Banco Cyan (bancocyan.com.br) para disseminar a economia de água. Os clientes ganham descontos proporcionais à sua redução em sites de compras como Shoptime, Americanas, Blockbuster e Submarino.

Sem água não existe vida nem economia. Veja o post sobre Seviços Ambientais (março/2010) e como empresas já estão cientes e agindo. Quer ajudar: entre também em www.charitywater.org.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

[PLANETA] Botando um $$PREÇO$$ na Natureza


Há tempos prometi escrever sobre Serviços Ambientais (“ecosystem services”), a vanguarda da Sustentabilidade: valorar monetariamente a contribuição dos ecossistemas à humanidade e às empresas. Ou seja, incorporá-la às decisões gerenciais e ao cálculo dos balanços financeiros. Não se ouviu outra coisa da boca dos economistas na última reunião do Inst. Ethos, Ricardo Abramovay e Sergio Besserman.

Embora seja lindo pensar a Sustentabilidade como resultado de um grau elevado da consciência humana (ética), essa revolução se dará é pela via da Gestão de Risco. Exemplo: um negócio se torna inviável economicamente no longo prazo caso dependa muito de água e os mananciais sequem, ou o custo de tratá-los seja enorme. Simples assim.

A essa conclusão chegaram empresas como Dow, Coca-Cola e SABMiller. A Dow destinou U$ 10 milhões para uma parceria com a TNC (The Nature Conservancy) como um “investimento no futuro da empresa” (palavras do CEO Andrew Liveris), preparando-a para leis mais restritivas e escassez de recursos. Investiu U$ 1,5 milhões num projeto em S.Paulo de preservação do reservatório Cachoeira (Serra da Cantareira), que diminuirá em 60% os sedimentos a serem filtrados lá adiante. Sem contar os ganhos sociais, da biodiversidade e reputacionais.

A Coca-Cola já investiu U$ 30 milhões em projetos ligados à água, reduzindo em 31% o uso na fabricação de suas bebidas. A SABMiller gastou U$ 700 mil na Colômbia e espera reaver o investimento em 5 anos, com a redução dos custos de tratamento de água.

Estudo da Goldman Sachs (2007) correlacionou empresas líderes em políticas de sustentabilidade a uma performance superior no mercado acionário. A revista Nature (1997) estimou em U$ 33 trilhões o valor dos ecossistemas (florestas, oceanos, ar, regulação do clima, benefícios culturais e recreativos). Baseou-se no quanto o público estaria disposto a pagar por serviços ambientais como tratamento de resíduos ou despoluição. O PIB mundial é hoje de U$ 60 trilhões.

Mas essa conta não é simples. Quando se tenta valorar coisas como biodiversidade ou fruição da natureza, é grande a subjetividade. Mas esse é um caminho sem volta. Um sistema de governança global está no horizonte, com leis que farão as empresas internalizarem no custo dos produtos os impactos nos ecossistemas.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

[DIGITAL] Singularidade - quando as máquinas serão melhores que os humanos


Nunca tinha ouvido falar mas levei um susto: SINGULARIDADE - o momento em que a fronteira entre a inteligência artificial e a orgânica será apagada, e a capacidade intelectual das máquinas ultrapassará a de toda a humanidade somada. Previsto para 2045, por Raymond Kurzweil, famoso cientista que é considerado por Bill Gates o maior especialista em inteligência artificial do mundo. "A coisa mais importante que acontecerá aos seres humanos desde a invenção da linguagem", diz a revista Time.


O nome foi tirado da astrofísica - um ponto do espaço-tempo onde as leis da física comum não se aplicam mais (como nos buracos negros). Tanto a Lei de Moore (número de transistors que se pode colocar num chip) quanto a regra de Kurtzweil (quantidade de poder computacional - milhões de instruções por segundo - num determinado tempo, que se pode comprar por U$ 1,000) geram uma curva exponencial semelhante, cujo valor dobra a cada 2 anos. Essa aceleração nunca mudou nem com guerras ou crises econômicas. É típico dessas curvas começarem lentas e depois se acelerarem cada vez mais até o infinito. Difícil de processar na nossa cabeça, já que estamos acostumados a pensar linearmente.


Em meados de 2020, já poderemos fazer engenharia reversa da mente humana. Computadores poderão criar e apreciar arte, tomar decisões éticas, fazer piadas e até mesmo substituir os cientistas no processo de desenvolvimento tecnológico, com sua capacidade de processar gigantescas quantidades de dados sem esforço.


Surge, naturalmente, todo tipo de teoria: que as máquinas vão nos dominar e aniquilar; que iremos nos fundir a elas como cyborgs, aumentando nossa capacidade física; que ajudarão a prolongar a vida humana, driblando o envelhecimento; que escanearão nossa consciência e viveremos dentro dos computadores indefinidamente, como numa matrix de realidade virtual.


O assunto é sério, transdisciplinar (informática, neurociência, biologia, nanotecnologia, sociologia, medicina etc) e para isso Kurtzweil criou a Singularity University em 2008, patrocinada pela NASA e o Google, entre outros. Em 2045 a quantidade de inteligência artificial criada será aproximadamente um bilhão de vezes a soma de toda a inteligência humana existente hoje. Uau ! O que vai ser de nós é a pergunta que todos estão se fazendo. Se a internet já mudou tanta coisa em tantos níveis (relações descartáveis, transferências de poder, interculturalidade, transparência, processos colaborativos de conhecimento e produção...) imagine a ruptura que a Singularidade nos trará !


Quer saber mais? "The Singularity is near" (Kurtzweil, 2005), "The coming technological Singularity" (Vernor Vinge, 1993) e revista Time ed. 21/fev/2011 em "2045 - The Year Man becomes immortal". No Youtube veja http://www.youtube.com/watch?v=kJDvdEQJOew, (que termina com a provocação: "será que sobreviveremos à nossa tecnologia?") e milhares de outros filmes sobre o tema.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011




Comunicação Fractal - esse é o termo que define o novo tipo de comunicação em tempos de redes sociais, consumo colaborativo, blogs e produção de conteúdos wiki no recém-lançado livro Comunicação Integrada de Marketing (Editora FGV), que vai além: ao invés de oferecer respostas, instiga o leitor a se fazer um monte de perguntas, acreditando que já não existem mais fórmulas definitivas, pelo menos nessa área.

Fractais (do latim fractus, fração) são objetos geométricos que podem ser subdivididos em partes, cada uma semelhante ao original - ou auto-similares. Podem ser gerados por um padrão repetido, um processo recorrente ou interativo. Fractais naturais estão à nossa volta, nas nuvens, montanhas, rios e seus afluentes, os sistemas de vasos sanguíneos e os feixes nervosos.


Exatamente como vivemos hoje o ambiente da comunicação: as empresas não são mais as donas do discurso, mas meras participantes das milhares de conversas. O "prossumidor" (produtor-consumidor) quer formatar produtos e conteúdos a quatro mãos, o antigo paradigma praticado pelas empresas em P&D de confidencial = vantagem competitiva dá lugar a processos abertos e colaborativos, como alavancagem para maior velocidade de inovação e melhores soluções. Se possível em beta-perpétuo, ou seja, o formato final jamais está pronto, e sim em constante evolução.

O ROI (retorno sobre investimento) dá lugar ao ROE (retorno sobre engajamento ou envolvimento), onde se buscam formas de medir aspectos mais subjetivos e as correlações entre as estratégias transmídia (múltiplas plataformas); onde os custos de aquisição de um cliente por meio de ações de comunicação e marketing pervertem qualquer lógica tradicional - esforços baratíssimos geram resultados gigantes; grandes investimentos (por ex em campanhas publicitárias) cada vez menos dão o retorno esperado. Os profissionais da área estão perdidos, e só sabem uma coisa: o que valia antes já não vale mais. Difícil fazer planejamento e justificar-se perante a diretoria, não?

Para saber mais, só lendo o livro mesmo, disponível em http://www.editora.fgv.br/?sub=produto&id=413
COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
Autores: Patricia Riccelli Galante de Sá, Marie Haim, Ricardo de Castro e Vera Waissman
Editora FGV, 2010