Ártico

segunda-feira, 28 de setembro de 2009



O IBGEN - Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios, lançou com um talk-show o novo MBA em Sustentabilidade Empresarial que inicia ainda em 2009, chancelado pela ABRH e FIRJAN. (mais infos sobre o programa e corpo docente em www.ibgen.com.br , aba IBGEN/RJ). O curso se diferencia por não abordar o tema sob ótica ideológica ou acadêmica, mas totalmente pragmática. Para tanto, 100% dos professores serão executivos vindos de empresas como Vale, Latasa, Natura, Boticário, ONGs, Petrobras, Aracruz, EcoSecurities, entre outras, muitos deles referências no mercado em suas áreas.


O encontro foi mediado por Patricia de Sá e teve como palestrantes Orlando Lima (Presidente da Janus e ex-Diretor de Sustentabilidade e Governança Corporativa da Vale), Claudia Jeunon (Assessora de Resp. Social da Firjan) e Rosana de Rosa (Gerente de Desenvolvimento da Bradesco Seguros e Diretora da Academia da ABRH). Veja um resumo do talk-show sobre "A importância e os desafios da implementação da sustentabilidade nas empresas":






1) O que é Sustentabilidade? Provavelmente os executivos de uma empresa apresentarão as versões mais variadas. Orlando Lima viveu essa situação ao percorrer as operações da VALE mundo afora para publicar o primeiro Relatório GRI em 2008. Como foi sua experiência?


ORLANDO – Realmente as visões sobre sustentabilidade eram muito diferentes. No Canadá e na Nova Zelândia, era sinônimo de meio-ambiente, pois os problemas sociais restringiam-se às relações com comunidades aborígenes e eventuais violações de direitos humanos; na China o foco era o lado econômico, e a relação era com apenas um stakeholder: o governo. Ele decidia o que era necessário para adequar o país às demandas do cenário internacional e garantir a competitividade e o desenvolvimento econômico, que se desdobrava em ganhos sociais; na África o foco era totalmente social, com evidente desprezo pelo meio-ambiente por questões prementes de sobrevivência; finalmente no Brasil o foco é social, pois temos uma tradição de possuir um bioma riquíssimo e leis sofisticadas. Partindo da descrição mais básica do Relatório Bruntland, como se vê a realidade cultural e econômica de cada região ou setor implica em interpretações das mais diversas.

2) Existe uma idéia equivocada de que Sustentabilidade é coisa para empresa grande, e algo muito fora da realidade no universo de médias e pequenas empresas. A FIRJAN congrega associadas de todos os portes e setores. Como está a visão das empresas a esse respeito no Rio de Janeiro?


CLAUDIA –
Para essas empresas o lado mais óbvio é o econômico, porque primeiro é preciso sobreviver como negócio. Mas temos procurado mostrar que a Sustentabilidade traz na verdade redução de custos (eliminar desperdícios, diminuir riscos) e os instrumentos podem ser adaptados. Muitas já têm várias atividades implementadas, sem consciência de que estão fazendo responsabilidade social. Procuramos usar as grandes empresas como indutoras do movimento, mas trabalhar com as pequenas e médias através de um processo de educação e construção de soluções conjuntas e viáveis.

3) Qual costuma ser a maior resistência à implementação da Sustentabilidade dentro das empresas? Por que?

ORLANDO e ROSANA –
Sem dúvida o desconhecimento do tema. Os gestores não estão preparados para essas questões por deficiência de formação, mas são cobrados por resultados. Daí olham a Sustentabilidade como uma obrigação ou um custo. Some-se a isso a intangibilidade e a dificuldade de ter instrumentos que quantifiquem o retorno econômico. Por isso os relatórios (GRI, Ibase, Ethos) são importantíssimos como tangibilizadores, para amarrar metas, introduzir o tema de modo formal, educar os gestores e mudar a cultura da empresa.

4) O Bradesco apresenta-se como o “Banco do Planeta” e a área de Seguros está completamente envolvida com aspectos sociais e ambientais. A quem cabe, afinal, a tarefa de implementar a Sustentabilidade na empresa? Como envolver e alinhar o público interno e criar uma cultura voltada para a Sustentabilidade?

ROSANA – através da gestão do conhecimento, com programas de treinamento, eventos, e muita insistência. É um processo novo, e para nós da área de seguros é fundamental olhar o tema como prevenção, já que trabalhamos com saúde e sinistros. A forma de trabalhar é transdisciplinar, o que representa um desafio maior.

5) Os executivos das empresas estão suficientemente preparados para utilizar os instrumentos de controle e reporte da Sustentabilidade atualmente existentes ?

CLAUDIA E ROSANA – como “dominar” instrumentos para usar em algo ao qual nem se dá importância? Infelizmente é a realidade nas empresas. Somente quando as próprias lideranças estiverem envolvidas e comprarem a idéia é que será possível realmente implementar a sustentabilidade. Ao formalizar um relatório, isso obriga os gestores a parar, pensar no assunto, unir especialistas de diferentes áreas para refletir sobre os temas, debater e achar soluções consensadas. Precisamos, entretanto, simplificar as legislações tornando-as mais compreensíveis.

6) Vocês mencionaram que, antes de mais nada, Sustentabilidade é uma questão de Gestão de Risco. Por que ?


CLAUDIA e ORLANDO –
temos que mudar a mentalidade de que isso não é nem questão de investimento (retorno) nem de custo (algo que não agrega valor), mas de hedge. Além dos riscos envolvidos nas questões jurídicas (licenciamentos ambientais, embargos etc) o maior risco é a “Licença Social para Operar”, ou seja, a comunidade comprar a idéia e aceitar a empresa. Há muitos casos emblemáticos, como a Union Carbide, que após o acidente em Bophal/Índia, teve que pagar indenizações milionárias, fechou e acabou falindo a matriz. Ou o Instituto Italiano de Design na Urca/RJ, que está pronto mas embargado por pressão da associação de moradores, devido aos custos sociais envolvidos (estresse dos acessos viários do bairro, poluição sonora e sobrecarga do sistema de água e esgoto). A sustentabilidade tem que fazer parte do planejamento de todos os projetos e até mesmo ser incorporada aos sistemas de remuneração variável dos funcionários. É preciso inserir esses quesitos, segundo as características que impacatam cada empresa e setor mais diretamente, e estipular um percentual para eles na matriz da remuneração que realmente estimule os gestores ou, contrariamente, os penalize caso as metas não sejam atingidas.


Foi consenso de todos que o protagonismo do Brasil nos mais diversos fóruns internacionais vai nos colocar mais expostos e obrigar o governo a endurecer a cobrança sobre as empresas, que precisarão estar preparadas. Mas para isso é preciso melhorar a formação dos gestores, urgentemente. Não de forma ideologizada, pois assim um ambientalista e um diretor comercial não se sentariam juntos nem por cinco minutos. Mas quando se entende que Sustentabilidade requer um esforço cooperado, técnico e multidisciplinar, a coisa muda de figura.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

[PLANETA] A Revolução Silenciosa


Tomei contato com o THE NATURAL STEP (TNS) por dica de um amigo, ex-Diretor de Sustentabilidade da Vale. Comprei o livro do seu idealizador, o oncologista (sim!) sueco Karl-Henrik Robèrt e me encantei com esta iniciativa ultra bem-sucedida de sustentabilidade que já comemora 20 anos! Nem sei bem como classificá-lo, porque o TNS é diferente de tudo e várias coisas ao mesmo tempo. É uma ONG, é um movimento científico-empresarial, é um processo de consenso e aprendizado permanente apoiado pelo próprio Rei Carl Gustav, e uma estrutura de referência para as empresas reverem suas práticas e implementarem a sustentabilidade.

Empresas do porte de IKEA, Electrolux, Saab e McDonald’s são a prova viva de sua eficácia. Ousaram pensar diferente e mudaram completamente sua forma de trabalhar, alinhando fornecedores, conscientizando clientes e obtendo ganhos financeiros. Um exemplo: na filial da IKEA em Gottemburgo, os custos anuais de administração dos resíduos beiravam US$ 30 mil. Um ano depois haviam sido zerados e no ano posterior o IKEA teve um lucro de US$ 5 mil com seu lixo. Essa iniciativa gerou o folheto “Lixo é Dinheiro”, que foi distribuído a toda a empresa. Hoje o IKEA é uma das empresas-modelo em sustentabilidade e carro-chefe do movimento TNS na Suécia. Desenvolveu uma linha exclusiva de móveis sustentáveis e lâmpadas econômicas, conceito depois expandido para toda a sua operação. Tem cerca de 400 instrutores (gerentes) que aplicam um material pedagógico desenvolvido em conjunto com o TNS para orientar cerca de 50 mil funcionários em todo o mundo.

Como funciona o TNS? O Dr. Robèrt buscou, após um exaustivo processo de consulta e crítica com cientistas de várias áreas e intenso debate público, chegar a quatro princípios fundamentais, irrefutáveis, simples e dentro de um pensamento sistêmico, que harmonizassem ecologia e economia. Assim, as 4 Condições Sistêmicas do TNS, que precisam ser atendidas por qualquer atividade empresarial para uma sociedade sustentável são:

# 1 – A natureza não pode estar sujeita a concentrações sistematicamente crescentes de substâncias extraídas da crosta terrestre.

# 2 – A natureza não pode estar sujeita a concentrações sistematicamente crescentes de substâncias produzidas pela sociedade.

# 3 – A natureza não pode estar sujeita à degradação sistematicamente crescente por meios físicos

# 4 – As necessidades humanas devem ser satisfeitas em todo o mundo.

Portanto, se as empresas checarem seus processos e encontrarem novas formas de funcionar cumprindo essas condições, teremos um mundo sustentável. O mais interessante é que o TNS não é prescritivo. Como diz o Dr. Robèrt: ao invés de focar nas folhas e galhos, precisamos olhar o tronco e as raízes (a essência, o fundamento da questão). O mais interessante do TNS, que hoje já tem representantes em vários países, inclusive o Brasil, é que ele surgiu, cresceu e funciona como um processo de aprendizado permanente, onde é preciso nunca se conformar ou auto-limitar, e exercitar a técnica do “E se...?”, deixando as soluções brotarem das discussões e da criatividade das equipes internas, dentro da cultura, viabilidade operacional e realidade de cada empresa.

Quer ver palestra do Dr. Robèrt em inglês na universidade BTH, parceira do TNS? Entre no link http://79.136.112.58/ability/program/livepro/admin/bthfront.asp?FOLDERNAME=20090827_1303_ronneby&PRODUCER_ID=ysh

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

[DIGITAL] O admirável mundo OFF=ON

Uma revista com imagem em movimento? Uma camiseta que funciona como CD musical? Uma mureta que fornece informações tridimensionais? Todos já estão no mercado, dentro da tendência OFF=ON, mistura do offline com o online.

Por um lado, pegar ícones do mundo digital - como pixels, QR-codes ou códigos de barra - para estampar tecidos, paredes e utensílios, que podem ou não levar a algum conteúdo digital quando lidos por webcams ou celulares. Caso da “Houston Fence”, um guarda-corpo na esquina da Broadway com a Houston Av. (NY), com um padrão de QR-code que fornece infos da Prefeitura e anunciantes.





Produtos lançados online que permitem ao cliente customizá-los, como os jeans Levis Original Spin, o tênis Nike ID ou o BMW Individual; outros criados apenas em versão digital, para uso no Second Life, The Sims ou World of Warcraft, permitindo aos avatares disporem de móveis IKEA, de roupas H&M, organizadores de festas de casamento virtuais etc; ou ainda o consumidor cria desenhos online de produtos e estampas, que depois são transformados em objetos reais por impressoras em 3-D com corte a laser.

Recentemente a rede CBS inseriu um vídeo em um anúncio na revista Entertainment Weekly, para promover a estréia de uma de suas novas séries. Ação inédita, que adaptava o um vídeo digital à revista impressa (veja em http://www.youtube.com/results?search_query=cbs+embeds&search_type=&aq=fr ), usando a tecnologia VIP – Video-in-Print, composta por uma tela minúscula e fina como papel, inserida na revista, com capacidade para cerca de 40 minutos de filme. Lembrando os cartões de aniversário que tocam música, o VIP é acionado por uma bateria recarregável, mecanismo resistente e durável o suficiente para suportar todos os procedimentos de logística envolvidos.

Outro exemplo são as camisetas da LNA Clothing chamadas “Music Tees” (numa alusão a T-shirt), que trazem estampadas no peito fotos de bandas e artistas, nas costas a lista das músicas do CD e uma etiqueta com um endereço de internet e um código único, pelo qual o consumidor pode baixar uma cópia em mp3 de todas as canções, sem sequer precisar do CD físico.





Os bichos de pelúcia da Webkinz trazem uma etiqueta com um código secreto único, que dá acesso ao mundo virtual onde a criança acha uma versão digital do seu pet, um quarto exclusivo que pode decorar ao seu gosto e a loja WShop. Mochilas e maletas com painéis solares que carregam bateria do celular, ou roupas com dispositivos WiFi que permitem ouvir músicas ou conectar um site. Produtos lançados em “beta perpétuo”, que evoluem permanentemente a partir dos feedbacks dos clientes, como os chocolates da fábrica Tcho em São Francisco/EUA, vendidos apenas ali ou online. E finalmente a tendência do “espelho”, onde se procura incorporar ao mundo real a dinâmica do digital, como layouts de supermercados mais intuitivos, com endosso de clientes feitos online sobre os produtos exibidos em displays na loja.


O mundo OFF=ON cresce em direções inusitadas, e à medida que as gerações mais novas de consumidores, já nascidos na era digital, representem a totalidade do mercado, a busca por esses cruzamentos tende a aumentar. Saiba mais em http://trendwatching.com/trends/offon.htm

Bem vindo à Realidade Aumentada (RA)





Certamente você já esbarrou por aí com o termo, ou com aqueles códigos de barra quadrados (os QR-codes, de “Quick Response”, criados pela empresa japonesa Denso-Wave). A RA é a interação do mundo real com o virtual, que vai tornar o universo dos jogos, publicidade e ciência mais interativo. “Os engenheiros de software são os novos astros do marketing”, diz Tom Bedecarré, Diretor-Geral da agência digital AKQA.

A RA existe desde a década de 90, e um exemplo conhecido é o Nintendo Wii. Recentemente, passou a usar imagens com códigos especiais que contêm as informações da programação. Qualquer ícone numa superfície chapada serve para repousar o modelo matemático que irá gerar a imagem em 3-D, como um rosto ou um objeto. A imagem é capturada por uma câmera e decodificada pelo computador ou celular, que recria na tela o conteúdo tridimensional criado pelos desenvolvedores.

O projeto Skol Sensation foi a ação de RA pioneira no Brasil (março/2009). No hotsite, o internauta pode ver em 3-D os melhores momentos dos shows, ao colocar na frente da webcam o anúncio ou postal do festival, ou imprimir o que o site disponibiliza. Experimente em http://www.skolsensation.com.br/realidadeaumentada/ e veja o filme com um internauta em ação em http://www.youtube.com/watch?v=2-ye-QEiBYg .

A construtora mineira Tenda, apesar de focar no segmento econômico de baixa renda, investiu nessa ferramenta ousada. Oferece uma experiência em RA (http://www.tenda.com/ra/ ): ao aproximar da webcam o símbolo impresso em anúncio ou folheto da empresa, a maquete e o interior do apartamento tridimensionais aparecem na tela. O cliente pode ter uma noção bem próxima do real da arquitetura, infraestrutura, espaço interior e possibilidades de decoração do imóvel.


Um exemplo de campanha de RA com celular é a do Ford Ka no Reino Unido. O cliente apontava a câmera do celular para o QR-code de um outdoor e via na telinha o modelo do carro em 3-D. Para isto, o celular precisa ter instalado um programa especial para produzir as imagens. Conforme o ângulo em que se apontava o celular para o símbolo, havia uma mensagem secreta direcionando para o endereço http://www.gofindit.net/. Veja a ação em http://www.youtube.com/watch?v=PrwmHnnSXYo&feature=player_embedded e saiba mais sobre a RA em http://www.forumpcs.com.br/coluna.php?b=258579




No futuro, os objetos de RA poderão ser combinados com dados do próprio espectador, de modo a criar um anúncio totalmente direcionado a ele. Se hoje os experimentos criam experiências coletivas, no futuro serão experiências perfeitamente customizadas para cada pessoa individualmente, diz Chris Jenkins, da agência responsável por esta ação. Veja uma amostra das possibilidades dessa tecnologia no extrato do filme Minority Report em http://www.youtube.com/watch?v=NwVBzx0LMNQ